domingo, 11 de outubro de 2009

Programa ACORDES DO PAMPA


Acompanhe pela TV UCPEL (canal 10 viacabo e 15 net), todas as quartas às 20h o Programa ACORDES DO PAMPA.Reprise terça 17:30; sexta 20:30; domingo 18:30
Apresentação Carlos Eugênio Costa "Vacaria".

domingo, 6 de setembro de 2009

DAS LIÇÕES QUE O CAMPO NOS DÁ

Carlos Eugênio Costa da Silva “Vacaria”
Membro da Estância da Poesia Crioula


Campo grande, qual tapete
verdeando o palco do pago.
Ao longe o vulto imponente
de uma figueira grandiosa
faz sombra pra casa velha
emanar hospitalidade.
No galpão, o trafugueiro
sustenta um braseiro ardente
num guapo fogo de chão;
e o gato, mui preguiçoso,
com a estampa de siamês,
se atira sobre o pelego
tomando conta de tudo,
desempenhando função
enquanto a fiel cachorrada
na reculuta ou tropeada
faz “companha” ao patrão.


São semblantes que emolduram
a riqueza da querência,
cenas que trazem a essência
de um viver na campanha;
de um viver de sacrifícios,
responsabilidades, honradez
e, acima de tudo,
a consciência que encerra
coisas escassas no mundo,
tais qual o amor profundo
e o respeito pela terra.


Que lições nos dá o campo
em sua simplicidade,
talvez por ser sintonia
com o Patrão Celestial
e o contato direto
com as coisas que ele criou.
Por isso Deus abençoou
fazendo do campo e das coisas do campo
um reflexo do céu.
Um poncho verde, exalando
a aura de Sua luz,
pois neste cenário agreste,
Maria, Prenda Celeste,
pariu o Piá Jesus.

Pena que ainda existam alguns
que não crêem nesta verdade.
(ou então não querem crer).
Criticam campeiros, renegam o passado,
esquecem da história que
em tempos remotos viveram seus pais,
e batem no peito.
Porém, na clausura de um laboratório,
inventam ovelhas, coelhos, sementes,
as coisas do campo que o Onipotente
perfeitas nos dá. Ah gente infeliz!
Não crêem na terra que dá o sustento,
são folhas ao vento, gente sem raiz.


Há falta de crença nas coisas sagradas,
falta de esperança, confiança até,
a tecnologia converteu ateus
e agora é o deus dos que não tem fé.


Tomara que nunca se atrevam os infames a tentar criar o campo.
Talvez consigam criar a grandiosidade da figueira
mas não conseguiram copiar sua simplicidade.
Construam talvez, casas imensas, nobres mansões,
mas nunca copiarão a hospitalidade dos velhos galpões.
Talvez produzam o fogo, o gato, a cachorrada,
mas jamais chegarão ao amor e a fidelidade deles a seus donos.
Tentarão copiar a natureza, com parcos gramados,
pobres árvores, escassos pássaros sem voz pra cantar,
mas nunca chegarão as lições que o campo vive a nos ensinar.


Depois de tudo isso, talvez copiem o homem.
Mas sem a simplicidade da figueira,
a hospitalidade do galpão, a fidelidade dos animais
e as lições que o campo nos dá pra vida encontrar debuxo,
farão clones, simples homens. Jamais farão o gaúcho.

quinta-feira, 19 de março de 2009














TRIBUTO A UM INJUSTIÇADO
Autor: Carlos Eugênio Costa da Silva

Poema Vencedor do Concurso Literário Nacional
Sesquicentenário de “LOBO DA COSTA” promovido pela
Academia Sul-Brasileira de Letras –2003



Talvez os ventos que sopram
varrendo as âncias da noite
sejam os mesmos que outrora
sopravam neste lugar.
Ventos frios qual tristeza
esmagando a beleza
de uma noite de luar.

Quisá as ruas vazias
pelos rigores do inverno
traduzam um sentimento
de dolorosa saudade.
Quando a decepção
sangrava um coração
pulsando com ansiedade.

Talvez até sejam os mesmos,
os olhares de desprezo
que como facas afiadas
dilaceravam uma alma.
Talvez seja só talvez,
pois o mal que o mal fez
tirou de uma vida a calma

Mas sopram "AURAS DO SUL"
trazendo "LUCUBRAÇÕES",
existem "FLORES DO CAMPO"
e "ROSAS PÁLIDAS" nos jardins,
para aquele Vate das Letras
que encontrou numa valeta
o início de seu fim.

Descansa LOBO DA COSTA,
pois germinarão nas ruas
as sementes que cobristes
de inspiração e esperança.
Quando entoarmos teus versos
reviverá no universo
a tua imortal lembrança.
LOBO DA COSTA, descansa.